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Aluno do MIARQ distinguido nos WorldArchitecture Awards/ Students
Rui Silva Martins, aluno do Mestrado Integrado em Arquitetura, viu as suas propostas Museum of Ancient Nile e Monsanto Sanctuary distinguidas nos WorldArchitecture Awards/ Students.
Olhar o rio Nilo, a sua água, o seu leito, a vida contemplada pela sua abundância, o deserto e as rochas a acariciar as suas faces. O rio é vida e morte, a água tem uma significação primordial, o Nilo é um templo sagrado.
Celebrar o Nilo, é celebrar a morte e o renascimento. O museu é um templo que celebra a ligação sagrada entre o Homem e o rio, entre o corpo e a alma.
Como um umbigo (do grego, umbilicos mundi), o museu é um centro, marca o território e a paisagem, um novo centro na terra, aponta para as quatro direções, os quatros pontos cardeais. As entradas para o museu aludem às quatro direções, sendo a sul, virada para a encosta, para contemplar o rio.
Para entrar, descemos uma longa escadaria, acedendo a um túnel, fugindo ao mundo exterior, mergulhamos no nosso interior. Ao chegar ao fim da caminhada sob nós mesmos e sob a obscuridade do túnel, vamos dar um pátio, onde podemos contemplar todo o museu, a luz e no centro, a água. Compreendemos que o edifício se estrutura como uma pirâmide invertida.
A partir daqui temos acesso a escadas, que ascendem ao interior do museu. Na entrada nascente, vamos dar à grande galeria, um espaço em abóbada, com uma grande amplitude, onde a luz, o ar e o som são difundidos pelas aberturas. O edifício é para ser vivido através de todos os sentidos, sendo háptico (do grego haptikós “próprio para tocar, sensível ao tato”).
Na entrada poente, temos as galerias, dois espaços em abóboda, com permeabilidade entre elas. Nas entradas norte e sul, contemplamos uma floresta de pilares, como um reflexo da natureza, onde a verticalidade e a luz filtrada pelos pilares, assemelha-se à atmosfera da floresta.
No meio vemos as escadas, que percorrem todo o museu verticalmente, permitindo penetrar em todo o espaço do edifício.
Mais acima, a poente, os ateliers, são espaços de criatividade e produção. A nascente, um lugar para ver e dialogar, como a Ágora grega.
Através da representação do museu, podemos tentar imaginá-lo e tentar senti-lo...
Respeitando a paisagem natural, a intervenção pretende integrar-se no contexto e funciona como um percurso, apropriando-se do caminho existente que passa entre as duas rochas enormes, que têm um carácter referencial, marcando a entrada.
Aqui começa-se a descer na terra, aludindo ao útero materno, inicia-se a viagem de introspeção. Na escadaria temos acesso à receção e ao espaço de memória, mas no fim da escadaria vamos encontrar o santuário, um cubo com 7x7x7 metros, aqui o número 7 tem uma carga simbólica. O número 7 representa a totalidade, a perfeição, a consciência, a intuição, a espiritualidade e a vontade. O 7 simboliza também conclusão cíclica e renovação. Temos uma grande entrada de luz, onde estamos em contacto com a natureza, este elemento além de permitir a entrada de luz, permite a chuva.
Estamos em sintonia com o universo, permite a meditação e a reflexão.
Ao sairmos, temos de iniciar a subida, de volta ao elemento terreno, de volta ao mundo físico e vamos ao encontro de uma paisagem avassaladora. As ruínas da capela de São João têm uma carga de identidade e memória, que se tem de preservar, pretende-se uma experiência sensorial através da memoria, paisagem e outras formas espaciais, este espaço converte-se no local de contemplação.
Os WA Awards 20+10+X são organizados desde 2006 pela World Architecture Community, tendo como objectivo reconhecer projectos notáveis que, podendo não ter projeção junto do público internacional, tenham o potencial de inspirar questões no discurso da arquitectura contemporânea.
Descrição imagem 1: Museum of Ancient Nile
Descrição imagem 2: Monsanto Sanctuary